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Arquitetos: PROMONTORIO
- Área: 1510 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: Ferro-Wic, Mota Engil, WoodCare
Descrição enviada pela equipe de projeto. A nova Embaixada da República Árabe do Egipto localiza-se no Bairro do Restelo em Lisboa, num lote na Avenida Dom Vasco da Gama, tipologicamente caracterizada por uma série de moradias dos anos 40 e 50, muitas das quais foram gradualmente convertidas em espaços de representação diplomática.
O edifício de embaixada é aquele que por excelência incorpora a noção de identidade nacional. É tanto um porto de abrigo e um refúgio seguro dos seus concidadãos, como é a representação externa do Estado ao mais alto nível. Deve combinar a ideia de acolhimento e segurança, com os valores simbólicos da história do país e da sua cultura. Neste caso, a compacidade do volume resultante das restrições regulatórias do lote serviu como metáfora do projecto, evocando a tradição fundadora do Egipto em toda a sua emanação estereotómica; a qual por sua vez enfatiza uma certa ideia de solenidade, um elemento essencial do protocolo da embaixada.
Neste contexto, o edifício funciona como um monólito composto por três lajes expressivas em betão aparente intercalado por uma massa de baixos-relevos discretamente evocativa dos padrões geométricos da antiguidade egípcia. Seguindo o princípio clássico da trave e intercolúnio, estas paredes são interrompidas em posições específicas para a abertura de vãos. No andar superior, os cunhais recuam formando varandas rectangulares numa sequência de rotações orientadas de esquina para esquina. A cor antracite do pigmento nos painéis de betão GRC realça a monumental gravitas do conjunto que simultaneamente contrasta com a leveza dos caixilhos, em aço galvanizado metalizados à cor bronze.
A clareza dos circuitos públicos e privados, assim como a total visibilidade e controle no acesso dos visitantes, foi um dado essencial no desenvolvimento do conceito e da própria implantação do edifício. Posicionado ao centro do lote e rodeado por um estreito jardim, na tradição Lisboeta dos palacetes do séc. XIX, o acesso automóvel é feito a partir da Avenida Dom Vasco da Gama, através de uma rampa suave. No lado oposto, uma portaria de segurança vigia e filtra o acesso público respectivamente, à embaixada e ao consulado.
No interior, a escolha de materiais nobres e simples reflectiu a preocupação de garantir um envelhecimento digno, além da reduzida manutenção. Nesse sentido, as áreas públicas são em grandes lajes de mármore branco com lambris e apainelados em madeira maciça lacada. Por último, uma monumental escadaria liga os três pisos numa lógica teatral que se sugere quase como um cenário Wagneriano, sendo revestida a prumos de madeira maciça que migram dos degraus e das guardas para as paredes, formando um único painel envolvente. Este núcleo central é por sua vez coroado por uma claraboia em caixotão, cuja luz é filtrada por um tecto suspenso em padrões islâmicos de onde emana uma luz caleidoscópica que recorta diferentes jogos de sombras ao longo do dia.